1º Dezembro de 2010

Comemora-se, por ora, uma data marcante para este pequeno país: o dia em que dissemos aos espanhóis que já não precisávamos deles para nos governar. O curioso é que passados 370 anos está o português arrependido de tal atitude, que diga-se, foi de uma gritante falta de educação e cordialidade.

Nos dias de hoje, anda o português à procura de alguém que realmente nos saiba governar porque nós, ao que parece, já lhe perdemos o jeito. E em desespero, vamos piscando o olho aqui e acolá a possíveis interessados. Fazem-se negócios da China, erratas, conta à pressa, desvios, tiram-se fotografias em telemóveis e mente-se com desfaçatez. Corre-se nos bastidores à procura de soluções milagrosas, se é que já não estamos todos a rezar aos santinhos por um qualquer milagre de Fátima.

Isto é algo que em 1640 certamente não aconteceria. Era tempo de homens de barba rija, de crentes, lutadores, audazes, patriotas e resistentes. Nesses tempos, o povo não tinha as opções democráticas que tem hoje. É verdade. Mas apesar disso, foi o povo, que guiado por verdadeiros portugueses de Portugal, decidiu vir para a rua e mudar a face da governação. Adeus Espanhóis, gracias, mas aqui mandamos nós e sabemos fazê-lo muito bem.

De uma vez por todas, o povo tomou o que era seu: um país. De uma vez por todas, o povo português decidiu ser senhor de si mesmo. Com todas as suas qualidades e defeitos, decidimos que não precisávamos de sermos governados e alienados por estrangeiros. Reconstruímos uma identidade, evoluímos como país e como cidadãos.

Mas os dias de hoje desiludem quem em 1640 se elevou. Certamente o Mestre de Avis nunca imaginaria que Portugal fosse hoje um país em coma, que nem os mínimos consegue cumprir, que deixa para amanhã o que devia de cumprir ontem. Um país que já foi grande, enorme, mas que hoje falha claramente no preciso momento em que não podia.

Se em 1640, fomos levados muito a sério pela revolta, hoje em dia, ninguém acredita em nós. E se hoje não voltarmos a fazê-lo, não será mais uma "chicotada psicológica" que nos tirará do fosso.

Elevemos pois as nossas qualidades como portugueses. Ergamos a nossa bandeira e se for preciso, tal como em 1640, unidos iremos expulsar as maçãs podres, os cancros mortais e as doenças que fazem deste Portugal um país a prazo. Portugal é nosso!