quinta-feira, novembro 18, 2010

Porque faço greve?

Pela primeira vez na vida, faço greve. Mas não gosto de greves, sobretudo em Portugal. São uma chatice, sempre com os mesmos pensionistas e reformados do PCP.

Mas esta é diferente. E por isso, vou para a rua. Ainda não sei o que vou levar vestido ou se levo sequer um cartaz. Logo se vê.

E porque irei fazer greve?

Faço greve porque me vão diminuir o ordenado. E não é o escalão, mas sim ao bolo total do valor mensal fazendo com que no final do ano me roubem ainda mais no IRS.

Faço greve porque não pedi um Mundial de 2018. Pelo menos enquanto ainda andamos a pagar o Euro2004 e a indemnização ao Queirós. Enquanto os municípios ainda andam a pagar a factura. O Porto, por exemplo, ainda deve 38 milhões de euros.

Faço greve porque Sócrates (e os outros) mentiu e continua a mentir aos portugueses. Razão já por si mais que suficiente.

Faço greve porque mandam cá para fora planos de austeridade, mas não justificam as contas deste ano. Corremos o risco de andarmos nesta roda viva eternamente.

Faço greve porque não sei quando me vou reformar. Talvez no dia do meu óbito.

Faço greve porque há reformados políticos com meia idade, a receber reformas atrás de reformas e a continuarem a trabalhar para o estado. Só o Santana Lopes recebe 2800€ por mês e olhem como ele ainda vive?

Faço greve porque basta ser eleito para a Assembleia da República, dormitar durante 4 anos, para ter direito a uma reforma.

Faço greve porque discute-se um orçamento às custas de leite achocolatado, fazendo lembrar o queijo Limiano, em vez de se discutir o que vamos fazer com quem nos meteu nisto.

Faço greve porque sei que, mesmo que o país sobreviva, estes senhores de agora vão conseguir viver bem o resto dos seus dias.

Faço greve porque trabalho para o estado. E entre produzir para o estado ou não vir trabalhar e poupar dinheiro ao estado, prefiro a segunda que cansa menos. É o meu serviço público auto-próprio.

Faço greve porque se esqueceram de retirar o TGV do orçamento mas têm a lata de insistentemente usarem 2 submarinos para desculpar todas as asneiras que fazem. Eu também não pedi submarinos.

Faço greve porque a minha aldeia está a ser devastada com assaltos atrás de assaltos e a GNR, sabendo quem são, não faz mais porque eles voltam cá para fora. Agora, até as cruzes das campas do cemitério levam.

Faço greve porque este é um país de fachada. A torneira da Europa fecha-se. O dinheiro que havia para viver à rico, está a acabar. E quem nos emprestou dinheiro deve estar a querê-lo de volta. Por isso temos que pagar e muito.

Faço greve porque não sabemos gerir as nossas contas, a nossa justiça, a nossa educação, os nossos valores, os nossos melhores recursos e a nossa história.

Faço greve. Estou farto!

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